quarta-feira, 1 de outubro de 2008

É, de facto, indecente

Num Hospital Veterinário em Lisboa entram dois senhores que se dirigem à senhora por trás do balcão da recepção.

Senhor que acompanhava o cão ferido: - Bom dia, minha senhora. Trago ali um cão que foi atropelado. Foi atropelado por um táxi. Está aqui o senhor do táxi comigo. Lembrei-me de vir aqui..

Senhora que trabalha na recepção do Hospital e que só está bem disposta às sextas, feriados e dias em que sai mais cedo: - Então e o cão tem dono?

Senhor que acompanhava o cão ferido: - Não.. Acho que não. Ele estava na rua e foi atropelado. Lembrei-me de o trazer aqui. Vocês cuidam dele?

Senhora que trabalha na recepção do Hospital e que só está bem disposta às sextas, feriados e dias em que sai mais cedo: - Não, isso o melhor é levá-lo ali para o outro lado, ali em Monsanto.. Eles têm lá um veterinário e mais coisas..

Senhor do táxi: - O Canil? O de Monsanto? Sim, eu sei onde é.. Sim, vamos lá então. Venha lá.

Passado pouquíssimo tempo, diz uma voz que julgo ter sido a do senhor do táxi: - Olhe minha senhora, é indecente que vocês recusem um animal que foi atropelado! Vocês não podem recusar-se a receber animais! Um animal atropelado, minha senhora! É in-de-cen-te!

Senhora que trabalha na recepção do Hospital e que só está bem disposta às sextas, feriados e dias em que sai mais cedo: - Posso, posso.

A mesma voz que julgo ter sido a do senhor do táxi: - Não, não podem, minha senhora. Mas deixe estar que isto ficará tratado. Eu hei-de resolver isto.


Se forem a votos, eu, pela primeira vez na minha vida, defendo um taxista. Sem dúvidas.