segunda-feira, 6 de outubro de 2008

1 de Abril de 2008 (Carneiro, só podia!)


Correndo o risco de ter este post irremediavelmente conotado como "lamechas" ou, simplesmente, "de gaja", publico-o na mesma. Porque quem me conhece sabe que não sou tudo isso de lamechas ou de gaja e quem não conhece fica agora a sabê-lo. Aquilo que aqui deixo escrito é dito e sentido, do fundo do coração.

É uma curta história de um ser que podia ter tido um percurso pequeno e trágico, mas que, em vez disso, vive hoje feliz e descontraído.

Chama-se Guy de La Roche Fafá. Fafá ficou "nome de família" porque já o trazia antes. Guy de La Roche foi o nome supé chique que lhe assentou na perfeição. Para os amigos é simplesmente Guy (gui, não gai!). Cá por casa também começa a ganhar a alcunha de guy-zado. Mas essa não é para pegar.

O Guy foi largado num qualquer contentor ainda pequeno e, porque é muito forte e agarrado à vida, miou com todas as suas (poucas) forças até ser encontrado e salvo por alguém que o ouviu e foi em sua ajuda. Estava praticamente raquítico quando foi acolhido e desde então foi tratado e, principalmente, alimentado. A privação a que esteve sujeito nos primeiros momentos de vida fez com que o seu crescimento não decorresse como é natural e, por isso, o Guy é bastante pequeno para a idade que tem. Apesar disso, hoje em dia está vacinado, alimentado e perfeitamente saudável.

Por feitio ou por agradecimento ao salvamento, o Guy é extremamente carente e carinhoso, em especial com os humanos. Ele ronrona, ele dá marradinhas, ele mordisca as mãos que o acariciam, ele baba-se de contentamento (sim, é verdade!). É um verdadeiro banquete de amor este gato! Também é muito bem-disposto, brincalhão, curioso, destemido nas suas descobertas e sociável, sempre a comunicar.

A meu ver, o Guy teria tudo para ser hoje um gato completamente arisco e independente, sem querer nem ter qualquer relação com pessoas e/ou outros animais. Teria tudo para ser agressivo e fugidio. Pelo contrário, o Guy é tudo aquilo que descrevi acima e muito mais, características e detalhes que só um convívio próximo demonstram a quem assiste.

Por tudo isto combinado com a particular fase da minha vida, e com a minha personalidade e maneira de ver a vida, claro está, o Guy é um grande exemplo para mim. Um exemplo de força e de fé. Não fé no sentido mais religioso. Apenas fé. Crença. Esperança. E força de carácter, a mais importante delas.

É um exemplo que irei seguir sempre que me apetecer baixar os braços, sempre que alguma coisa não me correr de feição e eu reagir com o meu típico pessimismo. É um exemplo para os momentos mais banais do quotidiano em que parece mais fácil fechar a cara em vez de enfrentar tudo, por pouco e banal que seja, com um sorriso. Será, para sempre, o meu exemplo de que vale a pena. E de que, um pequeno nada, pode mudar toda uma vida.