domingo, 22 de outubro de 2006

dias

Não aguentei. Chorei à tua frente.
Agora já tenho mais cuidado. Só choro quando estou sozinha.


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Gostei de te ver. Sentir-te entusiasmada a apertar-me a mão com força foi o suficiente para ter a confirmação daquilo que eu sempre soube: tens muita força.
Tudo neste momento é uma grande confusão. Para ti e para nós aliás. Mas percebo-te nas pequenas coisas. Leio-te nos detalhes que deixo serem isso mesmo. Agora só importa que te sintas bem.


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Não falo nem penso noutra coisa que não tu. Analiso cada movimento, cada situação, para tentar avaliar a tua recuperação. Desespera-me a hipótese de nunca mais te ouvir chamar-me pelo meu nome, mesmo sabendo que me reconheces. Mas o que importa agora é deixar-te descansar. Passar toda a tarde a fazer-te perguntas atrás de perguntas só piora tudo. Enerva-te, faz-te ficar ainda mais baralhada, e faz-nos entristecer. Não há necessidade disso. É uma parvoíce.
Não és só tu que estás mal e isso torna tudo ainda mais complicado. Temos todos de ser fortes, por ti, por nós. Mas não é fácil. Nada. Até os mais fortes tombam.


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São 14h30 e já estou pronta para ir ter contigo. Novamente. Mais um dia.
Quero sempre estar contigo para saber em primeira-mão como estás. Gosto de te ver e ouvir falar para apanhar os pormenores.
A vizinha aqui do sétimo andar mandou-te um beijinho. Diz que também é da Mina e que gosta muito de ti. O mais giro é que ela era funcionária lá na escola e sempre foi uma besta, mas agora que é minha vizinha parece ser uma querida. Lá está.. quem vê caras não vê corações. Disse que ia rezar por ti, ela. Eu cá rezo à minha maneira. Tu sabes.
Pus a compra da tua tesoura de costura em stand by até ver se ainda a podes usar. Logo se vê. Tão cedo não vais precisar dela, o que até é bom para descansares a vista. Entretanto já se tirou a comida do frigorifico para não se estragar. Ontem quando te estava a dar o jantar pensei para mim mesma como é intrigante isto do ciclo da vida. Mas não quero entrar por aí. Não agora.
Gosto de tratar de ti. Só não queria que fosse assim. Não queria mesmo.
Bom, mas tenho de ir. Já está quase na hora. Hoje temos comida caseira e sessão de manicure.


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Não me importo se tiver de dormir a sesta no carro enquanto espero horas para te poder ver. Prefiro isso a não estar contigo. A vizinha de quem eu gostava já foi para casa. É pena porque era uma querida e, de certa maneira, tomava conta de ti. Gostei muito da senhora. Pena que esteja tão mal. Já da nova vizinha não gosto muito. Há aquelas pessoas para quem olho e sei, sinto, que há ali qualquer coisa que não me agrada. Não sei o que é, mas sei que está lá. Enfim.. Nem sempre acerto também. Se calhar quem tem mesmo razão são os que dizem que tenho o “cofre” fechado. E agora que penso “nesses”, os que dizem isso e muito mais, onde estavam eles no sábado..?

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Vamos para casa. Finalmente. Ainda bem. Sei que detestas estar aí, apesar de todos te tratarem bem.
Vamos para casa. Agora começa uma nova jornada.

2 inputs:

Anónimo disse...

Bonito de mais para estar escrito... Bonito de mais para se ler... És tao bonita!! E "elas" sao tao bonitas... Sao "elas" que nos fazem sorrir, que nos educam, que nos cuidam, que nos ensinam... É dificil entender o pq de chegar a altura de sermos nos a cuidar, n e? Mas é assim a vida, n? E "elas" merecem... Merecem todo o nosso carinho... E a tua... Merece uma menina como tu!! O quanto sei o que doi e o que custa, mas... Força amiga!! Love U.Pipa David**

esquizoide disse...

não há nada q se possa dizer que ajude... infelizmente, e pelos piores motivos, compreendo, tal como sei que o início é sempre o pior e o quadro que se pinta nem sempre é aplicável à realidade uns meses mais tarde.

Animo e força para todos**