quarta-feira, 5 de abril de 2006

É urgente o amor

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

Eugénio de Andrade

1 inputs:

Náná disse...

Apesar de ser fã de poesia, e a verdade é que nem me considero tão bronca como isso, nunca consegui dissecar este poema. Na verdade este eugénio é perito em obscuridades...

Há coisas que apesar de ficarem bem na rima, perdem a lógica e fazem de nós ignorantes se dizemos que não percebemos porque é que num poema que nos diz que é urgente o amor, nos dizem que temos que multiplicar os beijos e as searas(!). Se descobrires uma interpretação para este poema, evia-ma, porque já tentei várias vezes, mas não consegui interiorizá-lo...

serei assim tão bronca???