sábado, 7 de janeiro de 2006

Some might say

Uma amiga minha vai casar-se. Será a primeira pessoa (realmente) próxima de mim e da minha geração a dar o nó (esta nova moda das uniões de facto não perdoa!). Ao contrário da esmagadora maioria das raparigas e mulheres deste mundo (civilizado), eu nunca tive o sonho ou ambição de me casar, nunca me imaginei de véu e grinalda, nunca idealizei o dia mais feliz da minha vida como o dia do meu casamento. Até porque, convenhamos: acordar cedo; passar horas no cabeleireiro a lavar, pentear, esticar, fazer unhas, etc.; enfiar-me num vestido imenso e (certamente) desconfortável, já para não falar do mau jeito que deve ser quando se quer fazer um sissi (e eu faço muitos!); enfiar os meus pezinhos de princesa (tamanho 40) nuns sapatos durante um dia inteiro; levar com o discurso divino do santo padre que não tem culpa nenhuma (ou se calhar até tem) de eu ser agnóstica; aturar os caprichos de um fotógrafo careca; levar de enfiada com toda a minha família e ainda com toda uma família que não conheço de lado nenhum; almoçar durante 4 ou 5h sem conseguir estar sentada mais de 10 minutos de seguida, sendo que esses são interrompidos pelo irritante barulho de um qualquer talher a bater repetida e insistentemente num copo; ter de dançar em público; aturar os choros dos mais sensíveis e os excessos dos mais bêbedos; ser simpática e sociável durante um dia inteiro; acabar o dia estafada e chegar à conclusão de que acabei de gastar rios de dinheiro para pagar dezenas e dezenas de bebedeiras, assinar um papel e meter um anel num dedo.. definitivamente não é bem a minha praia!
Mas enfim, como em (quase) tudo, respeito a decisão dos outros e até percebo que tenham uma visão bem mais romântica que a minha quanto a este tema. Por isso mesmo, e porque não sou assim tão céptica e/ou Miranda (ver Sexo e a Cidade), deixo aqui aquilo que são para mim os mais bonitos votos proferidos num casamento (coincidência ou não é num filme, os personagens são animações e a noiva está morta!):

"With this hand, I will lift your sorrows.
Your cup will never be empty, for I will be your wine.
With this candle, I will light your way into darkness.
With this ring, I ask you to be mine.“

in "The Corpse Bride"

Fora de cepticismos e brincadeiras, é a essência de palavras como estas que me fazem acreditar no Amor. É o verdadeiro acreditar em palavras como estas que me fazem crer que faz sentido duas pessoas professarem o seu amor e união para a vida. Quanto a mim, se esta for a base do sentimento mútuo, não é preciso muito mais para a cerimónia. Era bom que todos os casamentos fossem assim.

4 inputs:

Mary Mary disse...

Concordo contigo. Já tive outra visão, outros sonhos. Agora, sinto que apenas a outra pessoa importa e que seja onde for, quando for, serão duas pessoas a unirem-se e sem dias longos e sem fim... Ando a sonhar com "escape to marry", bem mais giro!

MPR disse...

Desde quando é que o casamento precisa ser o trivial e croquetes do costume? Uma festa chata cheia de pessoas chatas? O casamento deve ser a expressão do amor de duas pessoas e como tal o reflexo dessas mesmas pessoas e não a repetição mecânica de uma cerimónia gasta...

mir disse...

era exactamente aí q queria chegar mpr com este post. Pq considero q o importante é a expressão do amor e n a cerimónia q se instituiu cm obrigatória p duas pessoas q decidem unir as suas vidas.. concordo plenamente ctg.

O Puto disse...

Apesar da associação habitual do amor ao casamento, existe muito casamento sem amor e vice-versa. O casamento é mais uma instituição que uma celebração, celebração essa que dura apenas um dia (ou três, no caso dos ciganos).