sábado, 25 de maio de 2013

Respeitáveis palhaços, queiram desculpar.

Querido Miguel,

Toda a gente sabe que sempre gostaste de ser um bad boy, um bocado na onda grito do Ipiranga do copinho de leite, menino de boas famílias, que não quer ser o último a ser escolhido para a equipa de futebol na aula de educação física. É compreensível e a malta até acha piada quando dizes aquelas coisas estilo "Ah e tal se não me deixam fumar num restaurante também não deviam deixar entrar crianças!". Eu cá acho um piadão e se criasses uma daquelas petições online eu assinava e tudo!

Mas na mesma semana em que contas a quem queira ler que deixaste de ser advogado porque mandaste um juíz à bardamerda, chamas palhaço ao Presidente da nossa República (com maiúsculas, não vá ele sentir-se ofendido!) e sabes que isso aqui por terras dos três éfes obriga a orgulhos feridos e defesas de honra.

Eu cá (e só uma portuguesa patriótica diz "eu cá") acho que tens dois caminhos possíveis:

Alegar que chamaste palhaço à pessoa Aníbal e não à figura Presidente - na verdade o palhaço é o cidadão que mal ganha para comer (e ainda tem de alimentar a mulher, que ganha pior ainda), que tem graves problemas de visão (tanto consegue ver vaquinhas a sorrir, como fica completamente cego perante a corrupção nos 360º que o rodeiam), que cospe quando come (não pode ser por acaso que nunca gostei de Bolo Rei) e que acredita que quem faz as coisas acontecer em Portugal é uma tal de Fátima (parece que raramente é vista.. deve ser de tanto reunir com a Troika);

Ou alegar que chamaste palhaço à pessoa Aníbal, marido da pessoa que é realmente nossa Presidente, Maria - tendo em conta que é ela quem realmente manda, chamar palhaço ao Cavaco e chamar palhaço ao Presidente da República são duas coisas diferentes.

Mas pronto, a hipocrisia instalada insiste em admirar e defender uma figura tão patética quanto inútil, e ainda assim permitir-lhe que gaste diariamente o pouco dinheiro que os contribuintes ainda têm para não exercer o cargo que ocupa. No fundo, Miguel, estou contigo: com todo o respeito que me (nos) merece a Presidência da República Portuguesa, não entendo porque é que o Presidente pode gozar com a cara de todos os portugueses (até dos que votaram nele!), mas nenhum de nós pode gritar "O rei vai nu!".