segunda-feira, 12 de março de 2012

[saudosismos]

[Pouco tempo depois de chegar entrava-se para a sala e ocupava-se o respectivo lugar. Lembro-me do sítio exacto da minha carteira, na fila da direita, junto aos enormes janelões, com as suas portadas brancas. A secretária da Senhora Professora ficava à minha direita e era lá que, ordeiramente, fazíamos fila para mostrar os trabalhos da aula. Jamais esquecerei o tronco de árvore que desenhei e colori de azul. Jamais esquecerei como insisti que era castanho até que, pelo meio das vozes jocosas dos colegas, a Senhora Professora me disse em tom maternal, “Não querida, isso é azul..”. E era.

O intervalo foi um longo jogo de apanhada durante quatro anos. Raparigas a apanhar rapazes, as “prisões” nos quatro cantos do pátio, com direito a castigos corporais a todos os apanhados. Ainda hoje acho incrível como nunca houve quem se fartasse do jogo ou questionasse as regras.

O bar ficava no primeiro edifício. Num longo corredor interrompido pelos pátios, atravessava toda a escola até chegar às magníficas sandes com tulicreme. Chocolate, sem avelã. 45 escudos. O leite com chocolate era tirado directamente da palette deixada nas escadas no nosso edifício. Nenhum aluno tirava mais do que o pacote a que tinha direito, nem essa ideia nos vinha à mente. Concentrávamo-nos antes em beber todo o leite o mais depressa possível para encher o pacote de ar e, num gesto rápido e preciso, pisá-lo com força fazendo-o rebentar. Curiosamente, também nisto nunca houve quem se fartasse.]

1 inputs:

Anónimo disse...

:)