sexta-feira, 15 de julho de 2011

O carro

Lembro as viagens de fim-de-semana, quando era regra familiar ter um programa naqueles dois dias de descanso do trabalho e da escola, fosse ir passear ao campo, à praia, ao cinema, ou a qualquer outro lado. No caminho para esse local levávamos invariavelmente a companhia das (antigas) vozes da Quadratura do Círculo.

O que eu odiava aquilo! Quatro vozes cuja cara eu mal conhecia, a falarem de assuntos que eu não entendia nem me interessavam e, pior!, a falarem uns por cima dos outros. Eram longos os minutos até voltar a ouvir aquela irritante música que marcava o fim do programa, momento a partir do qual o pai já acedia aos pedidos de mudança de sintonia.

Hoje oiço e vejo a Quadratura do Círculo na televisão por vontade própria. Conheço bem as (algumas novas) caras que lá falam e acompanho atenta o debate de opiniões e ideias, julgando-lhe curto o tempo. Hoje oiço aquela já não irritante música e recordo com carinho aqueles momentos familiares, que precediam muitos outros tão simples quanto especiais.

Com uma banal situação da rotina familiar cresci e trago comigo uma recordação carinhosa e reconfortante da minha infância. E isso, inquestionavelmente, é do melhor que se pode ter na vida.

2 inputs:

Anónimo disse...

Às 3 da manhã, com o Martim a fazer-me companhia (ainda que quase me impedindo o acesso ao teclado, pois dorme parcialmente sobre o mesmo...), também é com uma muito positiva e gostosa sensação que se lê e medita sobre esta tua recordação !!!
Quando for "grande" também quero ter um blogue para descarregar relatos, opiniões, sentimentos.

Anónimo disse...

Atendendo a que a alternativa dos papis era ouvir as tuas gravações do festival da eurovisão (gravações feitas naquele mini gravador que punhas ao lado da TV e depois passas um dia a tirar os intervalos entre as músicas!) e ter-nos aos gritos a cantarolar letras que mal conhecíamos...