quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Pontos de vista

Há algum tempo atrás alguém disse que lhe pareceu impessoal um escrito “Tenho saudades tuas”. Fez-me confusão. Ainda faz.

As saudades são um sentimento puro, quiçá o mais puro de todos. Saudade é aquele sentimento que vem quando menos se espera, da forma que menos se controla, a espontânea. Está num cheiro, num som, num gesto, numa melodia, numa palavra, numa recordação, num momento. Num nada. Num pequeno grande nada. Sente-se lá dentro, bem no fundo, no canto onde tudo é vivido ao expoente. Nesse mesmo canto onde nada se explica e apenas parcialmente se consegue partilhar.

Ninguém consegue fingir uma cara, um sentimento, um estado de saudades. Só se consegue sentir saudades daquilo a que nos entregamos, daquilo que deixamos entrar em nós ou a que nos permitimos entrar.

Saudade é um sentimento nobre, um sentimento puro e, por isso, jamais impessoal. Eu diria que achá-lo será idiota. Ou então a idiota sou eu. Mas se assim for, prefiro continuar a sê-lo.