terça-feira, 8 de setembro de 2009

Pelos cabelos

O mundo tecnológico e cientificamente evoluído trouxe-nos um problema complicado: o detalhe. E isso aplicado às tarefas domésticas corriqueiras veio tornar muito complicada a vida a todas nós, fadas do lar (ok, umas mais que outras, mas fadas do lar either way!).

Vejamos:

- Ah e tal preciso é preciso arroz para o jantar.
- Ah e tal deixa estar que eu vou comprar.
- Ah e tal mas ‘pera lá.. vais trazer de qual? Carolino? Agulha? Negro? Basmati? Integral? Arbóreo? Selvagem? Misturado? Aromatizado? Vaporizado? Em vácuo? Em pacote? Em saquetas?

Não é difícil perceber porque é que os níveis de stress andam altíssimos, pois não?

Mas depois há outras questões que nem todos podem delegar a terceiros para não terem com que se chatear. Os detergentes de limpeza, por exemplo. Ter algum tipo de detergente com que limpar o chão da casa implica definir se é para a casa de banho ou para a sala ou para a cozinha, se é para ser de acção forte ou mais suave, se é de secagem rápida ou se pode ficar molhado um bocadinho mais de tempo, se é para ter lixívia ou só as outras coisas todas que também devem matar germes mas não tantos ou não tão bem, se é para ter cheiro e que cheiro se vai querer (e aqui entra-se num outro mundo paralelo – os cheiros/sabores.. me-do).

O meu mais recente problema pessoal, eu, fada do lar assumidíssima-por-obrigação-mas-com-muito-orgulho-ou-talvez-não-tanto, prende-se com os champôs. Lembro-me de ser miúda e já então uma promissora fada do lar com uma paixão avassaladora (e estranha, vá) por compras no supermercado (mas quais lojas de roupa!), e alternar simplesmente na compra de ora champô para a caspa, ora champô para cabelos oleosos. *suspiro* Como a vida era simples nesses tempos.

Agora, posto definitivamente de parte o problema da caspa (todos nós usámos gel nos anos 80, ok?), procuro apenas o outro champô, aquele que de alguma forma que não domino qual mas também não me aborrece não saber, consegue fazer a minha cabeça aguentar-se algumas horas mais antes de parecer uma frigideira de batatas fritas ou, vá, nos dias bons (menos maus?), um cabelo molhado que custa a secar.

Isto seria simples se não fosse complicado. É que, vejamos, temos champôs para: cabelos frisados, cabelos lisos, cabelos curtos e espigados, cabelos encaracolados, cabelos rebeldes, cabelos pintados ou com madeixas, cabelos com mexas, cabelos com pontas espigadas, cabelos finos e frágeis, cabelos com tendência a estragados, cabelos debilitados, cabelos secos ou estragados, cabelos com caspa, cabelos normais, cabelos normais a secos, cabelos saudáveis, cabelos grisalhos, cabelos claros, cabelos loiros, cabelos com reflexos loiros,… é medonho.. a lista não acaba!

Começo a achar que qualquer dia preciso de uma assistente para me ajudar a escolher o champô. E enquanto o que eu quero não aparece nas prateleiras, acho que o melhor é ficar já de olho ali naquele para cabelos grisalhos..