quarta-feira, 29 de julho de 2009

Depois queixem-se do aquecimento global

Há uma criança dentro de cada pessoa. Umas mais presentes que outras; umas mais notadas que outras. As mais presentes criam as coisas de que as menos notadas usufruem discretamente. Falo, por exemplo, das peças da Lego que tantos e tantos pais compram dizendo que é para oferecer aos filhos quando, na verdade, o único “filho” que têm é o cão cuja única brincadeira que faz com as ditas peças é fazê-las desaparecer pela sua boca e, uns dias mais tarde, fazê-las reaparecer (já não pela boca, infelizmente). Ou, outro exemplo, esse gigante de vendas que é o Ikea, um caso de sucesso nos puzzles 3D em tamanho real. Devia fazer-se um estudo acerca do número absurdo de gente que compra coisas pelo simples prazer de as levar para casa e montar, quando muitas vezes nem sabem para que é que aquilo serve.
Outro exemplo perfeito disto, ainda que um pouco mais doentio, são os ecopontos. Mas a estes, como talvez tenha ficado subentendido pelo uso da palavra “doentio”, já não acho tanta piada. É que por mais versões que se inventem do dito contentor, os senhores que os desenham (esses monstros do design de equipamento!) continuam a divertir-se com as figuras que o comum mortal, ambientalmente consciente, faz para conseguir enfiar naqueles minúsculos buracos de formas altamente despropositadas o lixo separado. Sinto-me uma criancinha a brincar com aqueles cubos ocos com formas abertas em cada face onde só entra a peça certa. O problema é que quem tem altura para chegar à boca do ecoponto já não pode ser assim tão criancinha como as que brincam com esses cubos e, falando por mim, quando vou deitar fora o lixo no ecoponto não estou propriamente com vontade de brincar com o lixo mas sim com vontade de deitar fora essa porcaria de lixo que andei uma semana a separar e guardar para ajudar a salvar o ambiente e não ser mais estúpida que o Gervásio!