Vida de emigrante é difícil

Li uma entrevista na Sábado desta semana muito divertida ao embaixador britânico em Portugal. Tenho de admitir que não fazia ideia de que o senhor existia no mundo, mas tive prazer em descobri-lo. Fiquei assim a saber que Alexander Ellis é um rapaz de 41 anos com muito espírito, que escreve um blog chamado Um Bife Mal Passado que, pelos vistos, é um sucesso. Faz todos os dias 25 minutos de bicicleta no trajecto casa-trabalho, o que é o máximo tendo em conta que vive em Lisboa, e virou Sportinguista à conta da combinação Bobby Robson+cerveja+uma-tarde-de-sol+professora-de-Português-sportinguista-fanática!
Entre outras coisas curiosas acerca deste bife, achei especial piada a estes detalhes:

No seu blogue fala do drama que é decidir se dá um ou dois beijos quando cumprimenta uma portuguesa.
Pois, continua a ser um mistério. É um dos segredos não revelados do país. Também vou um dia escrever sobre o tratamento por “tu”, “você”, “senhor”, “senhor doutor”. Também é um mistério profundo para mim. As pessoas deviam usar um crachá a dizer: “Eu só dou um beijo e, por favor, trate-me por você.”

Como é que, numa recepção oficial em que tenha de cumprimentar uma mulher, decide se lhe dá um ou dois beijos?
Se usa pérolas só dou um beijo (risos).

[...]

Ainda sobre os mistérios de Portugal, sei que considera estranhos os nossos códigos ao telefone.
Não é só ao telefone. Nos discursos também é assim. Nunca vivi num país em que pelo menos um quarto do discurso é só para dizer quais são as pessoas que estão presentes na sala. Percebo que é uma obrigação, mas é um exagero.

No seu blogue transcreve um discurso típico de um português ao telefone.
Sim. A primeira pergunta é fascinante: “Estou?” É uma pergunta obsoleta, mas tem graça. Há expressões obrigatórias: “Então vá”, “já agora”, etc. Vocês são mais carinhosos e estendem, por exemplo, a despedida por muito mais tempo. Nós dizemos um seco “goodbye”. Os vossos palavrões é que são muito fracos (risos).