quinta-feira, 31 de julho de 2008

absolutu vs. relativu

Há dias reencontrei uma amiga que não via e com quem não falava há já alguns anos. Em pouco mais de duas horas revivemos uma série de histórias que, apesar de já longínquas, continuam presentes na nossa memória e pessoa. Falámos do passado, do presente e actualizámo-nos mutuamente. Foi a prova viva de que, mesmo com a distância física e temporal, não deixámos de nos ter, uma à outra, presentes.
Hoje um amigo de um passado ainda mais longínquo veio falar comigo na net. Ele que nunca ligou a computadores, tirando a sua vertente de criar música. Nunca lhe conheci um mail ou um número de telemóvel, agora que penso nisso. E hoje, do nada, veio falar comigo, saber de mim, reatar o contacto. Sem saber, deixou-me com um sorriso nos lábios. Aqueceu-me um pouco mais o coração. Podia desenvolver o porquê, mas não é esse o objectivo desta divagação.
Nunca tive dúvidas disso, mas com estes dois reencontros, cada um à sua maneira, com duas pessoas completamente distintas e com histórias (comigo) perfeitamente diferentes, reafirmo a minha certeza de que o passado não fica lá atrás, de que a vida não é só olhar para a frente. Serei, talvez, demasiadamente agarrada ao passado e ao valor sentimental que dou às pessoas, às relações, aos momentos, mas a verdade é que a vida se vai construindo com tudo o que se vai passando. E o que aconteceu há 5 ou 10 ou 20 anos atrás, não é menos importante do que aconteceu ontem. Tudo depende do valor que se dá a cada momento, cada episódio, cada pessoa, que passa por nós.
Já aprendi, a custo, que nada dura para sempre, nada é eterno, e que, mesmo quando fazemos todos os esforços nesse sentido, as circunstâncias da vida têm mais força do que a nossa vontade. Mas a verdade é que não me canso de lutar para que assim seja. Quando acontece o que não quero, aceito-o. Aprendi a aceitar. Mas continuo a querer manter vivas muitas memórias que, talvez, outras pessoas já apagaram, mas que a mim continuam a trazer um sentimento de carinho e até felicidade. Continuo a lutar para que certas amizades que tenho se mantenham como são até à morte. Tal como continuo a mudar o que sinto que necessita de mudança e a deixar para trás o que acho que perdeu o sentido, valor ou interesse. Não apago nem esqueço nada, simplesmente me desligo do que não me interessa.
A vida, a nossa pessoa, é tudo o que fomos, tudo o que somos, e o resultado dessa combinação expresso naquilo que vamos sendo e seremos. É a certeza que hoje tenho. Com a garantia de que na vida não há certezas absolutas, de que até o absoluto é relativo.