segunda-feira, 23 de junho de 2008

Homo - do Grego "homós", igual, semelhante; pref. de origem grega que exprime a noção de igualdade ou semelhança.

Foi há poucos dias que, no Estado da Califórnia, EUA, se celebrou o primeiro casamento homossexual legalmente reconhecido. A escolha para o primeiro casal a fazê-lo recaiu em Del Martin (de roxo, nas fotos), nascida em 5 de Maio de 1921 (87 anos) e Phyllis Lyon (de azul, nas fotos), nascida em 10 de Novembro de 1924 (84 anos), juntas há 55 anos.



A escolha foi feita pelo Mayor de São Francisco, Gavin Newson, que já lhes havia concedido as licenças de casamento em 2004, num claro desafio às leis matrimoniais da Califórnia. Esse casamento foi mais tarde anulado, mas teve a sua importância pelo despertar de consciências e exposição mediática de uma grave desigualdade social.

Quatro anos depois este casal é escolhido para “inaugurar” os casamentos homossexuais agora permitidos naquele estado, como reconhecimento por uma vida conjunta de amor e de luta política e social pelos direitos dos homossexuais. Com outras seis pessoas, criaram no longínquo ano de 1955 a Daughters of Bilitis, a primeira organização pública para lésbicas nos EUA. Ainda hoje participam em actividades nesse âmbito e são há muito um ícone da comunidade gay americana, graças a todo o seu trabalho e empenho.

Na minha perspectiva pessoal, importa referir que estamos a falar de duas mulheres nascidas no início do século passado. Importa referir que estamos a falar de uma relação de 55 anos. Importa referir que estamos a falar de duas mulheres política e socialmente conscientes e activas. Importa referir que não se trata de um acto de rebeldia ou afirmação adolescente. Não se trata de “modernices” ou “maluqueiras”. Não se trata de uma relação fortuita ou casual. Não se trata de uma relação meramente sexual, física. Não se trata de duas pessoas desequilibradas ou promíscuas. Não se trata de duas pessoas que não se preocupam com o país e mundo em que vivem.

Estamos a falar de duas pessoas que se apaixonaram, se juntaram e partilharam juntas uma vida ao longo dos últimos 55 anos, numa relação que pode apenas ser baseada em amor e companheirismo, com tudo o que isso traz consigo. Duas pessoas que dedicaram a sua vida a lutar pelos direitos que sempre consideram seus, como de todos os outros cidadãos, quaisquer que sejam. Duas pessoas que, certamente, lutaram muito mais pela sua relação e aceitação do que a esmagadora maioria dos casais heterossexuais e que, mesmo assim, se decidiram pela luta pela igualdade, por elas e por tantas outras pessoas como elas.

Parece-me importante, antes de mais nada, ressalvar a grandeza destas duas pessoas. Mesmo. E, em segundo lugar, manifestar aqui o meu respeito e apreço pelo seu casamento e reconhecimento público, social e político da sua relação, tão válida e legítima como qualquer outra. Que possam elas servir de exemplo a todas as mentes que continuam a contestar a homossexualidade como uma “opção”, como “promiscuidade”, como “experiência”, como “desvio”, como “anti-natura”, como “doença”, pelos mais diferentes e alheados motivos.

Não venho aqui entrar nessa discussão e, por isso mesmo, escuso-me a pormenores. Importa-me mais apelar ao bom senso de quem o tenha para que um dia possamos ter uma sociedade justa e igualitária, neste como em muitos outros assuntos. Apelar a esse bom senso para que se saiba ler e reflectir acerca do que abaixo se segue.

“Uniões homossexuais existiram em diversas culturas desde os princípios da humanidade. Na Europa clássica existiram em sociedades gregas e romanas, e mesmo em comunidades cristãs na forma de um sacramento chamado Adelphopoiesis. Na Ásia existiram para homossexuais masculinos sob a forma dos casamentos Fujian, e para mulheres homossexuais sob o nome de Casamento das Orquídeas de Ouro. Casamentos entre lésbicas foram documentados em mais de trinta tribos africanas e entre homens homossexuais em cinco tribos. Nas Américas uniões homossexuais foram documentadas primordialmente em civilizações norte-americanas […].”

A homossexualidade é punida com pena de morte nos seguintes países: Afeganistão, Arábia Saudita, Iémen, Irão e Sudão;

A homossexualidade é punida com prisão ou pena de morte nos seguintes países: Mauritânia e Paquistão;

A homossexualidade é punida com penas de prisão superiores a 10 anos nos seguintes países: Bahrein, Bangladesh, Barbados, Brunei, Butão, Cabo Verde, Emirados Árabes Unidos, Fiji, Gâmbia, Granada, Guiana, Índia, Jamaica, Kiribati, Malásia, Maldivas, Ilhas Marshall, Maurícia, Nepal, Nigéria, Niue, Papua-Nova Guiné, Quénia, Ilhas Salomão, Santa Lúcia, Seychelles, Singapura, Sri Lanka, Tanzânia, Toquelau, Tonga, Trinida e Tobago, Tuvalu, Uganda, Zâmbia e Zanzibar;

A homossexualidade é punida com pena de prisão inferior a 10 anos nos seguintes países: Angola, Argélia, Benin, Botswana, Birmânia, Camarões, Ilhas Cook, Djibouti, Etiópia, Gana, Guiné, Kuwait, Libéria, Líbia, Líbano, Malawi, Marrocos, Moçambique, Namíbia, Nauru, Nicarágua, Omã, Qatar, Samoa, Senegal, Serra Leoa, Síria, Somália, Suazilândia, Togo, Tunísia, Uzbequistão e Zimbabué;

A homossexualidade é punida com repressão por entidades oficiais nos seguintes países: Burundi, Cuba e Egipto;

A homossexualidade assumida impede qualquer pessoa de ingressar no serviço militar nos seguintes países: Estados Unidos da América e Grécia;

A homossexualidade está em discussão nos seguintes países: Aruba, Austrália, Áustria, China, Estónia, França, Irlanda, Letónia, Lituânia, Nova Zelândia, Portugal, Roménia, Suécia, Taiwan e Estados Unidos da América;

O casamento entre pessoas do mesmo sexo é permitido nos seguintes países: Dinamarca (1989), Holanda (2001), Bélgica (2003), Espanha (2005), Canadá (2005), África do Sul (2006), Noruega (2008) e Estados Unidos da América, apenas nos Estados de Massachusetts (2004) e Califórnia (2008).



pt.wikipedia.org e cnn.com