segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

gramaticar

Num jantar (que se quer, por definição, animado) surgiu-se-nos um dúvida gramatical que deixou uma conversa por acabar e ainda não me saiu da cabeça. Resumindo:

NA Moita, EM Mértola;
NO Barreiro, EM Barrancos;
NO Porto, EM Palmela;
NA Amora, EM Almada;
NO Entroncamento, EM Évora;
...

Depois de muita troca de ideias e raciocínios, chegámos à questão:

Qual a regra gramatical que define se é "em" ou "no/a" antes do nome geográfico?

Fui pesquisar e descobri esta resposta (aqui):

O uso de artigos definidos (o, a os, as) antes de topónimos (isto é, nomes próprios que designam lugares geográficos) não corresponde a uma regra rígida na língua portuguesa. As indicações dadas por gramáticas e prontuários são em geral fluidas e por vezes contraditórias, pelo que as respostas a questões relacionadas com este assunto raramente podem ser peremptórias.
Na Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso CUNHA e Lindley CINTRA (Lisboa, Edições João Sá da Costa, 14.ª ed., 1998, pp. 228-231), são elencadas algumas indicações para o uso ou não do artigo definido com nomes geográficos. Preconiza-se nomeadamente o uso de artigo antes de nomes de "países, regiões, continentes, montanhas, vulcões, desertos, constelações, rios, lagos, oceanos, mares e grupos de ilhas" (ex. a Suíça, a Escandinávia, a Europa, o Pico, o Etna, o Sara, o Centauro, o Guadiana, o Tanganica, o Índico, o Adriático, as Baleares), mas facilmente um falante se lembrará de muitos contra-exemplos para estas indicações (a própria gramática lista alguns deles: Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Macau, Timor, Andorra, Israel, São Salvador, Aragão, Castela, Leão). Do mesmo modo se indica que não se usa geralmente o artigo definido "com os nomes de cidades, de localidades e da maioria das ilhas", mas logo se apresentam contra-exemplos, nomeadamente os casos de nomes de cidades e localidades que derivam de um substantivo comum (a Guarda, o Porto, o Rio de Janeiro, a Figueira da Foz). Estas indicações gerais são úteis e correspondem provavelmente à maioria dos casos, mas os muitos casos que as contrariam (é significativa a lista de excepções ou contra-exemplos que as gramáticas apresentam) tornam a decisão de empregar ou não o artigo quase dependente de cada topónimo e da experiência linguística do falante. Há ainda casos de topónimos como Espanha, França ou Itália em que é oscilante o uso ou não de artigo (ex. foi viver para (a) Espanha).

Ficamos, portanto, na mesma quanto a regras, mas, pelo amor de dEUS, alguém convença o F. a não dizer "na Coina"!

1 inputs:

Anónimo disse...

Nem o F. nem o Pe :)