quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Fim à tirania dos que aprenderam com as avós (e depois querem ganhar dinheiro a vender livros sem revelarem todos os segredos!)

BASTA PUM BASTA!
UMA GERAÇÃO QUE CONSENTE DEIXAR-SE REPRESENTAR POR UM livro de receitas muito pouco específico nas quantidades É UMA GERAÇÃO QUE NUNCA O FOI! É UM COIO D'INDIGENTES, D'INDIGNOS E DE CEGOS! É UMA RÊSMA DE CHARLATÃES E DE VENDIDOS, E SÓ PODE cozinhar ABAIXO DE ZERO!
ABAIXO A GERAÇÃO!
MORRA O livro de receitas muito pouco específico nas quantidades, MORRA! PIM!
UMA GERAÇÃO COM UM livro de receitas muito pouco específico nas quantidades A CAVALO É UM BURRO IMPOTENTE!
UMA GERAÇÃO COM UM livro de receitas muito pouco específico nas quantidades À PROA É UMA CANÔA UNI SECO!
O livro de receitas muito pouco específico nas quantidades É UM CIGANO!
O livro de receitas muito pouco específico nas quantidades É MEIO CIGANO!

...

É complicado transmitir a minha revolta contra os livros de receitas que explicam tanto acerca da confecção do prato como o Guterres acerca da tabuada dos 6. Para além disso achei que o Dantas não merecia isto tudo. Já não basta chamar-lhe impotente, ainda o diz a berrar para todos ouvirem.. é chato oh Almada!

Ainda assim, imbuída no espírito reivindicativo que amanhã trará mais um fim-de-semana prolongado para muitos e um dia de nervos para alguns (em especial os que se lembrarem de pegar no carro), resolvi também eu fazer a minha revolta, exigir os meus direitos.

E como não ando aqui a brincar ou a passar o tempo enquanto as ideias geniais não se me surgem ou algum amigo porreiro não me dá uma dica fenomenal, criei uma petição. Aqui a têm para assinar e, quiçá, um dia termos um Mundo melhor:



PETIÇÃO PELA SUSPENSÃO DO USO DE TERMOS IMENSURÁVEIS NAS RECEITAS CULINÁRIAS



Exmo. Senhor Presidente da República

Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República

Exmo. Senhor Primeiro-Ministro

Exma. Senhora Ministra da Educação

Exma. Senhora Ministra da Cultura

Exmos. e Exmas. Senhores e Senhoras Chefes de Cozinha

Exmo. Senhor Manuel Luís Goucha

Considerando que:

1. Define-se por Culinária "s. f., arte de cozinhar."

2. Define-se por Arte "s. f., conjunto de preceitos ou regras para bem dizer ou fazer qualquer coisa; tratado, livro que contém esses preceitos; artifício; ardil; faculdade; talento; habilidade; ofício; profissão; indústria; diabrura."

3. Nem todo o ser humano nasce com "mão" para a arte da culinária.

4. É, nos dias actuais, muito fácil e acessível ao comum cidadão (e aos outros também) adquirir produtos pré-cozinhados, de confecção imediata em forno ou microondas.

5. Tempo é dinheiro e não há almoços grátis (muito menos se tiver de ser o próprio a confeccioná-lo).

6. A complexidade de manusear todos os ingredientes e utensílios necessários à confecção de uma qualquer receita dispensa por si só o acréscimo de termos que obriguem ao recurso a um dicionário culinário.

7. Guardar dicionários na cozinha é má política porque os mesmos se sujam, as páginas colam-se para não mais se separarem e a capa fica pegajosa.

Por todo o exposto (e muito mais que agora não tenho tempo para escrever porque tenho a sopa ao lume), julgamos absolutamente obrigatório e imprescindível ao equilíbrio do Mundo, Ecossistema e Sanidade Mental de Alguns Indivíduos Que Tentam Cozinhar a imediata suspensão de termos imensuráveis como sejam:

- "Q.B.",
- "Quanto Baste",
- "Uma mão",
- "Uma pitada",
- "Umas lascas",
- "Alguns/umas",
- "Bastante",
- "O suficiente",
- "Em dose equilibrada",
- "A gosto",
- etc.

de toda e qualquer receita culinária, em qualquer parte do mundo, transmitida por qualquer forma e/ou linguagem.

Com os melhores cumprimentos

O Abaixo Assinado
(MIR e a sua personalidade cozinheira)


Podem lê-la e ASSINÁ-LA em www.petitiononline.com/fimaoQB/

PS - pensavam que eu estava a gozar era?

1 inputs:

Anónimo disse...

Loucura: «Se ninguém te louva, louva-te a ti própria». Não simulas no olhar o que não te vai no coração, ao contrário, dos que pretendem passar por sábios e usam de múltiplos disfarces para se enganarem a si próprios e aos outros. Louca, doce loucura, os homens só querem admirar com redobrado prazer o que menos compreendem. Por isso, pavoneiam os sábios que cospem ao ar palavras ocas, copiadas de qualquer pergaminho bolorento. Geraste-te da juventude: «a mais deliciosa e alegre das ninfas». E foste amamentada pela Embriaguez, filha de Baco (Deus do vinho) e pela Ignorância, filha de Pã (símbolo da rusticidade). Deliciosa loucura, és a divindade que semeia a felicidade por todos os homens. Afinal, haverá criatura mais feliz, tonta, alegre e extravagante que um louco? De que valeria a vida se lhe cortássemos todos os prazeres? Por isso te louvo e presto culto. É a ti que vou buscar inspiração para as coisas prenhes da vida. Já dizia Sófloces: «Quanto menos prudência e sabedoria, maior a felicidade».

Elogio da loucura -Erasmo 1509