quinta-feira, 3 de maio de 2007

Independente do quê?

Não raras vezes a minha opinião situa-se algures pelo terreno do meio-termo. É aí que tento encontrar o ponto do bom senso para assim definir a minha opinião concreta, o que nem sempre é fácil, confesso.

Ouvi há dias na rádio alguém (não sei quem era porque apanhei a conversa a meio e rapidamente desisti dela) dizer, relativamente ao tema “Sócrates – Engenheiro, Não-Engenheiro ou simplesmente Primeiro Ministro”, que “[…] os políticos também são Homens e, como tal, não podem ser perfeitos!”.

Não sei se devia comentar esta afirmação sem ter ouvido toda a argumentação do Sr., mas parece-me um verdadeiro absurdo que se justifique qualquer tipo de inverdade (porque, em política, não se diz a palavra “mentira”) por parte de um político que é Primeiro Ministro eleito de um país com o facto de se ser humano. Que ele se decida por políticas que mais tarde se verificam desastrosas, sim senhora. Tal pode realmente advir do facto de a pessoa ser humana, bem como toda a sua equipa de Ministros, Assessores, Assistentes e afins, e, como tal, fazer más opções que afectam toda uma população (parte da qual votou nele). Pode simplesmente ser-se mau político. Pode até conseguir-se reunir a pior equipa de maus políticos alguma vez vista.
Agora que se encontre justificação na sua humanidade para esta pessoa exercer a sua influência por forma a ter proveitos pessoais já me parece esticar a corda por demais.

Não tenho muito a dizer sobre o caso, até porque não lhe segui atentamente os contornos quando todos os dias éramos bombardeados com novas-velhas notícias sobre o mesmo. A verdade é que nem sequer centro a minha atenção na possibilidade de Sócrates ter ou não forjado uma licenciatura. Preocupa-me bastante mais que, exposto este caso na praça pública, se discuta invariavelmente a licenciatura ou falta dela, em vez de se discutir ou analisar a sua capacidade para exercer o cargo (e anteriores cargos) para que foi eleito.

Afinal de contas: É mais importante uma pessoa ter um canudo ou ter as qualificações necessárias para exercer determinado cargo? É mais importante uma pessoa ter um diploma atestando a sua licenciatura ou ter a garantia de que a Universidade que frequentou presta um serviço de qualidade na formação dos seus alunos?

É que mesmo que o Sr. Sócrates tenha concluído a sua formação superior na Universidade Independente, eu (e é só uma opinião pessoal que vale o que vale) não lhe dou grande valor no que diz respeito a sua formação. E nem tem a ver com o facto de ter recebido notas em Domingos, de ter fichas de avaliação sem data, de ser uma Universidade prestes a fechar na presente data.

No campo do suponhamos, imaginemos que tínhamos um Primeiro-Ministro actualmente a fazer maravilhas pelo país em todas as vertentes. Imaginemos que a esmagadora maioria da população estava contente com o seu trabalho. Imaginemos que, do nada, alguém vinha a público dizer que o nosso Primeiro afinal não tinha qualquer curso universitário. Queremos um canudo ou resultados positivos?

É que canudos há por aí a pontapé. Licenciados também. Muitos deles conseguiram até tirar um curso sem aprender uma linha do que lhes foi apresentado.