sexta-feira, 9 de março de 2007

please do #35

Ó senhor da loja, já que a vida é curta, diga-me lá, se souber quantos metros tem a dor. E já que ainda por cima a vida é pesada diga-me lá, se puder, quantos quilos tem o amor. E já que a paciência tem os seus limites diga-me lá quantos são, que é p'ra eu saber se espero ou não quando for desesperar. Ó senhor da loja, já que a vida é bela, diga-me lá se souber em que espelho a devo olhar. Mas, se por outro lado, diz que a vida é dura, arranje-me aí, se tiver, um capacete p'ra eu marrar. E já que a vida é feita de pequenos nadas guarde-me aí quatro ou cinco que é p'ra quando for domingo eu os poder saborear. Ó senhor da loja, já que a vida é breve, arranje-me aí os ponteiros dum relógio que atrasar. E já que no fundo vai tudo dar ao mesmo diga-me se o mesmo é mesmo tudo o que ainda vai mudar. E já que é preciso deitar contas à vida, desconte-me aí os meses em que apenas fiz as vezes doutro que não era eu. Já que a vida é curta e o futuro diz que está aqui já (sei lá), já que o futuro vem em peças separadas p'ra montar (ah! ah! ah! ah!), antes que se esgote reserve desde já o seu exemplar. Caramba, está-se p'raqui a dançar na corda bamba sem se saber para que lado é que se cai nem com que pé é que se samba.

sérgio godinho . caramba