quinta-feira, 2 de novembro de 2006

little miss sunshine

Aqui há tempos comentava, a propósito de um filme que acabara de ver no cinema, que adoro cinema “independente” ou “alternativo” (como lhe queiram chamar.. eu atribuo-lhes como denominador comum a sua habitual participação no Sundance Film Festival) por dois motivos: primeiro porque na esmagadora maioria dos casos esses filmes conseguem transportar-me para a sua realidade totalmente, fazendo-me abstrair-me por completo do “mundo real” durante aqueles cento e qualquer coisa minutos (o que para mim é sempre uma maravilha, seja pelo alheamento no geral, seja pela abertura da mente a novos horizontes no particular); segundos [esta está lado a lado no top de preferências com a “moínha”] porque na também esmagadora maioria dos casos há um qualquer personagem no filme com o qual me assustadoramente identifico em vários (às vezes demasiados) aspectos.
O último filme dessa “categoria” que fui ver foi o Little Miss Sunshine, brilhantemente traduzido para português como Uma família à beira de um ataque de nervos.
Resumindo muito rapidamente a história para dar algum enquadramento, todos os membros da família têm a sua pancada (outra coisa não se esperaria), começando num pai obcecado com o seu “9 steps program to success”, passando por uma mãe que tenta absorver todos os problemas da família tentando acreditar que ela é normal, um filho que há nove meses não diz uma palavra por conta de um voto de silêncio, um avô expulso do lar onde estava por mau comportamento e viciado em drogas, um irmão/tio professor-gay-suicida falhado, acabando numa filha de sete anos cujo sonho é ser “beauty queen”, treinada arduamente pelo seu PT, o seu avô (o drogado).
O filme reporta tão simplesmente (ou não, ou não..) a viagem feita em família (apenas porque não havia outra solução) para levar a pequena filha ao concurso “Little Miss Sunshine”, na Califórnia. Há, obviamente, uma série de eventos completamente inesperados e (quase) irreais ao longo da viagem, bem como todos os detalhes escondidos nas ”entrelinhas” de cada cena. Mas não é disso que venho falar.
[Aliás, permitam-me um parêntesis para dizer que “se há coisa que pior detesto” (como dizia um jovem cá da terra!) são as críticas e opiniões e descrições e avaliações e julgamentos e afins que os críticos de cinema fazem. Sou liberal e, como tal, da opinião que a realidade (em qualquer área da vida, incluindo o cinema) é para ser percepcionada de forma pessoal e particular por cada um de nós.]
Escrevo este post recomendando-vos este filme na esperança de que gostem dele e de que dele retirem “novos horizontes”, mas, mesmo que nada disso vos aconteça, recomendo-vos o filme apenas por isto: a cena final!
Vão ter de ver ou pedir a alguém que tenha visto que vos conte o que se passa, mas digo-vos que eu, que não sou pessoa de riso fácil, fui numa milésima de segundo às lágrimas, por lá fiquei durante toda (toda!) a cena, culminando numa agonia abdominal/quase-que-me-vomito de tanto me rir.
Genial.

PS - E têm uma carrinha pão-de-forma amarela! Linda!