quinta-feira, 22 de setembro de 2005

Felgueiras ao quadrado

Que sociedade é esta que espera horas, na rua à torreira do Sol, para aplaudir alguém que fugiu à Justiça e agora retorna estrategicamente a tempo de anunciar a sua candidatura à Câmara Municipal, local onde terá cometido os crimes de que agora é acusada (desculpem-me a frontalidade de não a presumir inocente!)?!
É revoltante que alguém se dê ao desplante de armar este circo mediático e ainda defenda a sua fuga para o estrangeiro, qual inocente injustiçada, como uma forma de escapar a um julgamento mediático. É revoltante que alguém goze com tanta facilidade com a Justiça portuguesa, utilizando um processo intrincado como este para autopromover a sua (suposta) integridade moral. É revoltante que alguém faça tudo exactamente como quer e mais lhe convém, sem restrições. É revoltante que alguém a ser acusado de tantos crimes (e os crimes que são) possa candidatar-se a um cargo público, com fortes probabilidades de voltar a gerir um Município. É revoltante ver tanta gente disposta a votar novamente nessa pessoa. É revoltante ver a ignorância que grassa neste país.
Como cidadã e eleitora portuguesa sinto-me ofendida com esta candidatura.

9 inputs:

Mary Mary disse...

Sentes-te tu e qualquer pessoa que tenha o Tico e o Teco a funcionar... Que horror de povo que aplaude isto!

MPR disse...

É hoje que vou ser bloqueado de todos os blogs que lerem este comentário! Mas vamos lá fazer de advogado do diabo por um momento.

Vamos imaginar que a senhora, sendo populista e demagógica, até está inocente, vamos até pôr a hipótese da teoria da conspiração, e a senhora não só está inocente como isto é uma forma de a tirar da câmara. Com este pano de fundo vamos por partes. Foi ordenada há dois anos a prisão preventiva com base no risco de fuga e perigo de destruição de provas. Como a fase de instrução do processo passou e ela voltou ao país de livre vontade ambos os pontos deixam de fazer sentido. Como tal a prisão também. Mais, ela não fugiu da cadeia, ela foi para o estrangeiro de forma livre e legal. Se eu for passar um mês aos E.U.A. e no dia a seguir a eu ter partido me quiserem prender, eu não fiz nada de mal em ter saido do país, eu nem sabia da ordem de prisão. Legalmente o caso dela é idêntico (ela sabia da ordem mas não era suposto, como tal podia ir para onde bem lhe apetecesse). Se se pensar que ela é inocente, ficar no Brasil (de forma legal) para evitar prisão e julgamento mediático faz sentido (eu se pudesse provavelmente faria o mesmo, basta ver o que aconteceu no caso Pedroso). E o regresso é também lógico. Candidatar-se à câmara (uma vez mais supondo que está inocente) é uma maneira de não se deixar empurrar infundadamente para fora dos paços do concelho (acreditando na teoria da conspiração). Se não se candidatasse outro para lá iria, e daqui a 4 anos já não teria a minima hipótese, toda a trama teria vencido, mesmo que se provasse a sua inocência.

É apenas um cenário, o mais provável é que seja culpada mesmo mas a presunção de inocência é algo fundamental, senão bastaria acusar alguém de algo para destruir a vida e carreira dessa pessoa. Julgamentos na base do "não gosto da cara dele" ou "tá-se mesmo a ver que é corrupto", não só são apressados como perigosos. É sempre necessário tentar vêr todos os pontos de vista possiveis e esperar pelo desenlace dos acontecimentos. Os julgamentos na praça pública são o pior serviço que se pode prestar à justiça neste país. É um erro tão grave correr a apoiar uma pessoa (como em Felgueiras) como correr a condená-la.

Não estou a defender a senhora que, pessoalmente, não me merece simpatia nenhuma, nem me mereceria o voto. Não estou sequer a discutir ética, moralidade ou legitimidade politica, penso que a Felgueiras não tem nenhuma das três. Apenas acho que se deve ter cuidado antes de apontar o dedo...

Mary Mary disse...

Uma pessoa que foge para Madrid e refugia-se no Brasil? Algo estranho não?
O Pedroso, apesar de não ir com a cara dele, foi acusado de uma coisa bem pior (muito mesmo) e ficou em Portugal, foi preso durantes uns tempos e no final das contas era inocente. Esse sim merece o nosso respeito...
O Valentim e o Isaltino ficaram em Portugal, sejam inocentes ou culpados! Agora uma senhora que sabe que vai ser presa, foge, e depois quando pode voltar volta. É um bocadinho duvidoso não acham? Todas as pessoas são inocentes até que se prove o contrário. Todas as pessoas têm a sua liberdade. Mas isso não é quebrado a partir do momento que fogem?
Vamos cá lançar a discussão... :P

MPR disse...

Tecnicamente ela não fugiu. Saiu do país antes de ser presa, portanto de forma legal. Se tu te fores embora hoje e amanhã te quiserem prender não fizeste nada de mal. É diferente de fugir da prisão. Ela sabia que ia ser presa mas legalmente isso não interessa. Eu não defendo a mulher, mas julgamentos antecipados e sem conhecer os factos... Mesmo que tivesse fugido, isso quer dizer o quê ? Que fugiu mais nada! Não podes tirar conclusões sobre culpa ou inocência.

Anónimo disse...

è por essas e por outras k Portugal nunka passa da mesma merda.

mir disse...

Em jeito de resposta (q qs dava outro post):
A presunção de inocência é um direito q assiste a qq cidadão neste país, direito esse q eu respeito e apoio por completo. Mas isso n me obriga a ser cega (cm deve e tem de ser a Justiça), n tendo assim uma opinião própria, c ou sem provas apresentadas (em qq um dos sentidos). O q digo, e reafirmo, é q neste, cm em alguns outros casos mediáticos, tenho a frontalidade de n considerar os seus intervenientes inocentes (ou, no mínimo, n totalmente), evitando assim o politicamente correcto de esperar por provas concretas q os ilibem ou condenem. N estou c isso a condená-los, estou a expressar uma opinião. Certamente q, tivesse eu um cargo em q a minha opinião tivesse um efeito directo sobre as vidas destas pessoas, n a daria tão despreocupadamente.
E, já ag, mpr, se a sra Felgueiras tivesse fugido justificar-se-ia ag a sua prisão preventiva (por risco de fuga). É o q isso quereria dizer.
Mas mm n tendo fugido cm referes, e bem, permite-me realçar q a minha repugnância qt a este caso vai mto além da sua inocência ou culpa. O q questiono é a forma cm todo este caso se desenrolou, começando pelo facto de a sra ter contactos úteis o suficiente para a alertarem de algo q ela n deveria saber antes de tempo, passando por questões cm o q mostrará de nós (relativamente ao funcionamento das nossas instituições) o facto de alguém (tendo o cargo q obrigatoriamente tem p ter acesso a tal informação) a ter avisado antecipadamente disso mm, acabando no circo (pq n tem mm outro nome) q a sra armou desde q chegou ao seu (nosso) país.
O q me choca é a ligeireza c q todas estas coisas são feitas e aceites por nós cidadãos. O q me revolta é o n poder fazer nada se n assistir a este triste espectáculo.. Era aqui, unicamente, q queria chegar c o post.
E p acabar, mpr, continua a comentar q serás sp bem vindo! :)

Anónimo disse...

o meu bem-haja para ti, porque dizes tudo o q n me sai da cabeça a este respeito, mas sem vernáculos! :P

MPR disse...

Obrigado pitseleh. Continuarei a comentar. Concordo contigo em reação a tudo o que dizes acerca do cirdo mediático, da demagogia, do funcionamento da justiça e assino por baixo. Só precisava de tentar dar os vários lados de um assunto como sempre gosto. E já agora uma última ferroada... politicamente correcto neste caso é a condenação directa da senhora que toda a gente faz! Até o Cavaco se pronucia contra a mulher dando azo à vox populi que tudo isto cria...
Já agora, eu até acho que a mulher é corrupta e deve passar uns aninhos na cadeia...

mir disse...

Permite-me discordar (a menos q tenha entendido mal as tuas palavras e então estamos em perfeito acordo): o politicamente correcto neste caso será condenar (directa ou indirectamente) a sua fuga p o estrangeiro (por n enfrentar a acusação q lhe é feita), mas sem questionar a sua inocência ou culpa. "Esse é um assunto para a Justiça resolver", cm política e correctamente disse há bem pouco tempo o nosso "Primeiro"!